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19 de janeiro de 2011

E quem motiva o empresário?

E quem motiva o empresário?


O comportamento da geração Y e a motivação do empresário

Por Claudia Bittencourt



Nunca uma geração de jovens foi tão comentada, analisada e pesquisada pelos profissionais que lidam com Recursos Humanos nas empresas e pelos especialistas em comportamento, como a geração Y, jovens que nasceram entre 1980 e 2000. O depoimento de vários empresários nos leva a pensar que estão ficando desmotivados e colocando pouca fé nestes jovens, o que é lamentável, pra ambos.

Recentemente uma matéria sobre a geração Y me chamou a atenção, em especial pelo fato de que algumas empresas estão repensando sobre os investimentos nos programas de trainees que segundo um dos empresários citados na matéria estes programam começaram a não fazer mais sentido, concluindo que hoje é melhor investir em profissionais que já tem uma certa bagagem profissional, assim eles começam a produzir mais rapidamente e entregar resultados para a empresa, do que formar jovens executivos que vão levar em média dois anos para começarem a gerar resultados e, em menos de um ano depois ele sai da empresa "em busca de novos desafios" ou porque recebeu um proposta irrecusável.

A insegurança começou a rondar os profissionais de RH, em determinadas empresas começaram a preparar as substituições sem ter ainda as demissões, formando backup de executivos para cargos chaves, o que gera mais custos.

Sofre o empresário que ainda acredita existir o sentimento e a prática por parte dos jovens dessa geração de fidelidade, lealdade e gratidão. A ansiedade por mais e mais e pelo novo é tão grande que muitas vezes estes jovens acabam perdendo o foco de sua carreira.

Existe uma certa impaciência e intolerância para aprender com a empresa, para aliar a teoria da faculdade à prática e fazer uma entrega legal para o seu patrão; sem isso ele acaba não contribuindo o quanto deveria, os resultados ficam abaixo da média e a frustração acaba acontecendo para os dois lados.

Insatisfeitos estes jovens cometem erros e acabam passando uma imagem de pouco comprometimento, muitas vezes confundido com inconsequência e irresponsabilidade e, o discurso é sempre muito parecido: "Falta treinamento, motivação e autonomia".

E nesse momento vem a pergunta, e o empresário como fica? Quem motiva este super homem ou super mulher que precisa ser patrão, amigo, motivador, líder , coach , inovador, competitivo? Que paga religiosamente em dias os salários, venda ou não, que paga uma carga tributária para o nosso Governo espetacular, que passa dias e dias, horas e horas longe de sua família, muitas em vôos internacionais de 8 a 13 hs onde ele aproveita o tempo e analisa os resultados do trimestre e, nesse momento descobre que um jovem desses não entregou o que foi prometido ou a entrega não foi total comprometendo o resultado.

Os sintomas dessa quase "Yrresponsabilidade", citada no meio empresarial já estão refletindo no mercado e na carreira dos jovens dessa geração. A conectividade, mobilidade, imediatismo e os relacionamentos virtuais estão prejudicando a capacidade de realização e de deixar "legado" desses jovens nas empresas.

Falou-se tanto nas características da geração Y e como os empresários deveriam lidar com essa turma, mas, chego a conclusão que nada ou muito pouco foi falado no sentido de orientá-los e alertá-los sobre como construir uma carreira pautada em realizações, projetos bem sucedidos e na busca constante pele conhecimento, ou ainda como aproveitar o que existe de excepcional no mundo conectado para desenvolver-se como líder, colecionar realizações e assumir o comando de sua carreira e aí sim, optar pelo que trará realização profissional, reconhecimento no meio empresarial e qualidade de vida. Obter essa condição sem esforço e sem comprometimento com o resultado do outro é impossível, vai gerar frustrações mesmo!

Claudia Bittencourt é diretora do Grupo Bittencourt, consultoria para Desenvolvimento Expansão de Negócios.